Segurança na construção civil: um assunto de extrema importância

A construção civil é um dos pilares da economia brasileira, responsável por gerar milhões de empregos e impulsionar o desenvolvimento urbano. No entanto, também é um dos setores que mais registra acidentes de trabalho — muitos deles com consequências graves ou fatais.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho, somente em 2022 foram registrados 42.806 acidentes fatais na construção civil, representando cerca de 26,3% de todas as mortes relacionadas ao trabalho no país. Esses números revelam a urgência de fortalecer a cultura de segurança nos canteiros de obras.

Os acidentes nesse setor geram impactos profundos — não apenas para os trabalhadores e suas famílias, mas também para as empresas, que enfrentam indenizações, multas, afastamentos e queda de produtividade. Garantir a segurança, portanto, é uma questão humana, ética e estratégica.


Principais Riscos na Construção Civil

A rotina nos canteiros de obras envolve uma ampla variedade de atividades que, embora essenciais para o avanço das construções, expõem os trabalhadores a diversos tipos de riscos — físicos, químicos, ergonômicos, mecânicos e até psicossociais. Trata-se de um ambiente dinâmico e desafiador, no qual convivem simultaneamente diferentes equipes, máquinas e materiais. Essa complexidade torna indispensável o controle rigoroso das condições de trabalho, o cumprimento das normas de segurança e o comprometimento coletivo com a prevenção.

Entre os riscos mais comuns e preocupantes, destacam-se as quedas de altura, a falta ou o uso incorreto de EPIs, os acidentes com máquinas e equipamentos e as atividades perigosas que exigem cuidados redobrados. Conhecer esses riscos é o primeiro passo para combatê-los e promover uma cultura de segurança sólida e efetiva.

1. Quedas de Altura

As quedas continuam sendo a principal causa de acidentes fatais na construção civil. Elas podem ocorrer em escadas, andaimes, coberturas, poços de elevadores ou mesmo em nível do solo, quando há desníveis e falta de sinalização. Na maioria das vezes, esses acidentes acontecem devido à ausência de medidas de proteção coletiva, como guarda-corpos e linhas de vida, ou pela utilização inadequada dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Para reduzir esse risco, é essencial que todas as atividades em altura sejam planejadas e supervisionadas, conforme estabelece a NR-35. Treinamentos específicos, inspeções frequentes e o uso de sistemas de ancoragem certificados são práticas indispensáveis para garantir que o trabalhador execute suas tarefas com segurança.


2. Falta ou Uso Incorreto de EPIs

O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é um dos principais aliados na prevenção de acidentes. Entretanto, em muitos canteiros de obras, ainda é comum observar o uso incorreto ou a ausência total desses itens. Capacetes sem jugular, cintos de segurança mal ajustados e botas sem certificação são falhas que comprometem a proteção do trabalhador e aumentam o risco de lesões graves.

A segurança depende não apenas do fornecimento, mas também da orientação e fiscalização quanto ao uso correto dos EPIs. Cabe à empresa realizar treinamentos periódicos, substituir equipamentos danificados e garantir que todos estejam devidamente certificados conforme as normas do Ministério do Trabalho. O EPI, quando utilizado adequadamente, salva vidas.


3. Máquinas e Equipamentos

Máquinas e equipamentos são fundamentais para a produtividade na construção civil, mas também estão entre as principais fontes de acidentes. Guindastes, betoneiras, compactadores e ferramentas elétricas exigem manutenção constante e operadores treinados. A negligência com inspeções ou o uso de máquinas defeituosas pode resultar em esmagamentos, cortes, choques elétricos e outros acidentes graves.

A implementação de programas de manutenção preventiva, associada à capacitação dos trabalhadores conforme a NR-12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos), é essencial para evitar ocorrências. Além disso, sinalizações de segurança, dispositivos de parada de emergência e áreas de isolamento contribuem para a proteção de todos no canteiro de obras.


4. Atividades Perigosas

Determinadas atividades da construção civil, como soldagem, escavações, demolições e manuseio de produtos químicos, apresentam alto potencial de risco. A exposição a gases tóxicos, incêndios, soterramentos ou explosões são perigos reais que exigem controle rigoroso e medidas preventivas adequadas.

O cumprimento das Normas Regulamentadoras aplicáveis a cada tipo de atividade, somado à supervisão constante, é indispensável para a prevenção. Trabalhos em altura devem seguir a NR-35; escavações, a NR-18; e o manuseio de produtos perigosos, a NR-26. Além disso, a adoção de procedimentos operacionais padronizados (POPs) e a realização de análises preliminares de risco (APR) antes de iniciar as tarefas reforçam a cultura de segurança e reduzem significativamente a probabilidade de acidentes.


Medidas Essenciais para Garantir a Segurança na Construção Civil

A prevenção de acidentes começa com o cumprimento da legislação, o comprometimento da liderança e a adoção de boas práticas de segurança. Em um canteiro de obras, onde convivem trabalhadores, equipamentos pesados e diferentes frentes de serviço, a gestão de riscos precisa ser constante e integrada. Cada medida preventiva adotada reflete diretamente na preservação da vida, na produtividade e na imagem da empresa perante o mercado.

Entre as ações mais importantes para fortalecer a cultura de segurança, destacam-se o cumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs), a realização de treinamentos periódicos, o fornecimento e fiscalização do uso correto de EPIs e a implementação de medidas de controle de riscos coletivos.


1. Cumprir as Normas Regulamentadoras

As Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego estabelecem os requisitos mínimos para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Na construção civil, as mais aplicáveis são a NR-18, que trata das condições e do meio ambiente de trabalho na indústria da construção; a NR-35, que define critérios para o trabalho em altura; e a NR-17, que aborda aspectos ergonômicos, fundamentais para prevenir fadiga e lesões musculoesqueléticas. Cada norma orienta sobre obrigações, responsabilidades e medidas preventivas específicas para diferentes situações de risco.

Cumprir as NRs não é apenas uma exigência legal, mas uma prática de gestão responsável. As empresas que mantêm seus programas de segurança atualizados reduzem significativamente o número de acidentes e afastamentos. Além disso, o cumprimento das normas demonstra comprometimento ético e social, valorizando o trabalhador e criando um ambiente mais confiável, produtivo e sustentável.


2. Realizar Treinamentos Periódicos

Os treinamentos de segurança são ferramentas indispensáveis para garantir que todos os trabalhadores compreendam os riscos presentes e saibam como agir de forma segura. Através de palestras, cursos e campanhas de conscientização, é possível reforçar conceitos sobre uso de EPIs, procedimentos de emergência, primeiros socorros, manuseio de máquinas e prevenção de quedas. O aprendizado contínuo promove a autoproteção e a vigilância coletiva, reduzindo o número de incidentes no dia a dia.

Esses treinamentos devem ser regulares e adaptados às funções específicas de cada colaborador, conforme determina a NR-1 (Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais). Também é importante manter registros das capacitações e realizar reciclagens periódicas, especialmente quando houver mudança de função ou introdução de novas tecnologias. Treinar é investir em conhecimento — e conhecimento é a base da prevenção.


3. Fornecer e Fiscalizar o Uso de EPIs

O fornecimento e o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são responsabilidades diretas do empregador, previstas na NR-6. A empresa deve disponibilizar gratuitamente os equipamentos adequados a cada tipo de atividade, garantindo que estejam em perfeito estado de conservação e possuam Certificado de Aprovação (CA). Contudo, tão importante quanto fornecer é orientar e fiscalizar o uso correto, assegurando que cada trabalhador entenda sua importância e aplique de forma adequada no cotidiano.

A fiscalização deve ser contínua e acompanhada de campanhas educativas, pois o uso incorreto — como capacetes sem jugular ou cintos de segurança mal ajustados — reduz a eficácia da proteção. Além disso, é essencial que os EPIs sejam substituídos periodicamente e higienizados conforme as instruções do fabricante. Essa combinação de fornecimento, orientação e acompanhamento reflete o verdadeiro compromisso da empresa com a vida de seus colaboradores.


4. Implementar Medidas de Controle de Riscos

A gestão eficaz dos riscos envolve a implementação de medidas de proteção coletiva, que visam eliminar ou reduzir as exposições no ambiente de trabalho. A instalação de guarda-corpos, plataformas de segurança, redes de proteção e sinalização adequada são exemplos de ações que protegem todos os trabalhadores simultaneamente. A aplicação dessas medidas deve estar alinhada aos princípios da NR-18, que define os requisitos de segurança específicos para canteiros de obras.

Além disso, é fundamental realizar Análises Preliminares de Risco (APR) antes do início de cada atividade e garantir que as áreas de maior perigo estejam isoladas e sinalizadas. O uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs), combinado com inspeções regulares e auditorias internas, permite identificar falhas e agir preventivamente. Quando a segurança é tratada de forma sistêmica, com foco em planejamento e controle, o resultado é um ambiente de trabalho mais eficiente, confiável e livre de acidentes.

Conclusão

A segurança na construção civil vai muito além do cumprimento de obrigações legais — é um compromisso com a vida e o bem-estar dos trabalhadores. Empresas que investem em prevenção demonstram responsabilidade social, reduzem custos e aumentam a produtividade.

Promover um ambiente seguro é investir em pessoas, em qualidade e em resultados sustentáveis.
A prevenção ainda é — e sempre será — a melhor forma de proteger vidas.

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